Redação
Em declaração internacional, distribuída aos movimentos, sindicatos, associações e coletivos feministas de todo o planeta, a Macha Mundial das Mulheres convoca suas ativistas e mulheres engajadas na luta por direitos a resistirem para viver e marcharem contra o neoliberalismo e os governos neofascistas.
O chamado feminista está circulando nas redes sociais em alusão ao 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres. Na declaração, as lideranças internacionais afirmam que “Estamos passando por um período em que sentimos a devastação causada pela crise do capitalismo, que se tornou ainda mais visível nestes três anos de pandemia. O capital empurra as mulheres, a classe trabalhadora, as populações negras e racializadas, as pessoas LGBT e os povos de todo o mundo para a pobreza com suas políticas de privatização, despossessão e guerra”.
Enquanto isso, diz a nota, o neoliberalismo procura as chaves para sua crise, em colaboração com o imperialismo. Hoje, as contradições acumuladas pelo capitalismo chegaram ao ponto de ser insustentáveis. Enquanto o aumento do desemprego, da insegurança, da instabilidade financeira e da concentração da riqueza tenham atingido níveis jamais vistos, tornou-se evidente que o capitalismo precisa aumentar a exploração das pessoas e da natureza para poder sobreviver.
A mercantilização e a privatização dos serviços públicos, a degradação da natureza e a crise ecológica que impulsiona a crise climática são efeitos do agravamento do conflito entre o capital e a vida. A exploração aumenta e as mulheres são as mais afetadas. Os interesses corporativos se colocam acima da saúde. As empresas transnacionais roubam e saqueiam terras, sem respeitar os direitos humanos e a terra. Também impõem dívidas ilegítimas aos povos de todos os continentes do mundo.
Vemos como a reconfiguração do colonialismo se reflete em políticas migratórias racistas, no fechamento de fronteiras, na criminalização de refugiadas e refugiados e no aprofundamento dos bloqueios econômicos, políticos e financeiros contra povos cujos governos não se curvam aos interesses desse sistema predatório. O conservadorismo, o fundamentalismo e o autoritarismo impõem um projeto de morte e criminalizam os movimentos sociais que ousam se opor a ele. Ao mesmo tempo, propõem falsas soluções, como o capitalismo verde.
Nova Guerra Fria
O imperialismo não hesita em ameaçar a paz mundial com o objetivo de superar a crise do capitalismo. A OTAN, organização de guerra do imperialismo, apoia o armamento em todo o mundo e abre o caminho para intervenções militares. Depois do Afeganistão e da Líbia, agora se intensifica uma “nova guerra fria” nas fronteiras entre a Ucrânia e a Rússia. Continuaremos a nos opor a todas as destruições provocadas pelo imperialismo – do Afeganistão à Síria, da Palestina ao Paquistão, do Cáucaso à Ásia Central –, e defenderemos a solidariedade e a paz.
É urgente que continuemos com nossas estratégias coletivas e solidárias para colocar a sustentabilidade da vida no centro em todo o mundo, a partir de nossa auto-organização e em aliança com movimentos sociais que buscam transformar a economia para desmantelar o poder corporativo.
A economia, a saúde e a soberania alimentar colapsam, enquanto a exploração, o saque e o belicismo aumentam diariamente. Governos reacionários e fascistas geram um aumento da violência contra as mulheres, ao mesmo tempo em que tentam excluir as mulheres da esfera pública e limitá-las ao espaço familiar.
Por isso, não é uma coincidência que as mobilizações feministas ao redor do mundo floresçam dos movimentos de resistência contra o neoliberalismo e os governos neofascistas.
Nossas companheiras do mundo todo nos guiam com suas lutas contra esse panorama sombrio. As greves feministas, que deixaram sua marca nos últimos anos, afirmaram que, se as mulheres pararem, o mundo para também. Do Egito à Tunísia, dos Estados Unidos ao Estado espanhol… Juntas, testemunhamos uma onda semelhante atravessando da Turquia ao Brasil, e, posteriormente, do Chile ao Sudão. É uma revolta feminista que reúne em seu balaio todos os feminismos da história e segue em marcha, em direção a um novo feminismo. É uma rebelião furiosa como uma mãe que perdeu seu filho no México, corajosa para ignorar as proibições impostas nas praças ao redor do mundo, com a esperança de dizer: “nada voltará a ser o que era”.
Não saímos das ruas mesmo nos piores dias, fizemos magníficas manifestações e resistências, especialmente no dia 8 de março. Estamos entusiasmadas com o lugar onde chegamos através da luta, que organizamos com o riso, a voz, a esperança e os sonhos umas das outras. Em todo o mundo, as mulheres estão na linha de frente da demanda por mudanças sistêmicas.
Nos opomos a todas as formas de violência: no trabalho, em sindicatos, nas organizações políticas, em escolas, em bairros urbanos, comunidades e áreas rurais – onde quer que estejamos.