Da Redação
Fragmentos do livro “Algemas Silenciadas”, da ativista e educadora popular Fátima Guedes foram debatidos durante a Roda de conversa “Vozes Femininas: Diálogo e Empoderamento” entre acadêmicos e acadêmicas dos 4º, 6º e 7º Períodos do Curso de Letras do Centro de Estudos Superiores da Universidade do Estado do Amazonas – CESP/UEA.
O evento aconteceu na noite de quarta-feira, 30 de outubro e é parte do Projeto de Extensão LAMCEPIN (Literatura Amazônica em Cena no contexto de Parintins) coordenado pela Professora Mestra Dilce Pio do Nascimento. A Roda de Conversa girou em torno do ODS 05 (Objetivo de desenvolvimento Sustentável) que propõe ELIMINAR TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES E MENINAS.
Em sua página do Facebook, a coordenadora do projeto, Dilce Pio, destacou a leitura de alguns fragmentos do livro “Algemas Silenciadas”, de Fátima Guedes. Ela descreve que “o livro, do início ao fim, é sangrento, apresenta narrativas, relato de mulheres que sofreram todo tipo de abusos, violência sexual, abandono”.
Para a Mestra, “nenhum filme de terror é tão forte e tormentoso quanto os relatos de DOR apresentados. Li apenas algumas páginas para falar abertamente sobre a violência contra a mulher e percebi o quanto é URGENTE debater esse assunto na escola, na Universidade”.
“Será se até 2030 as mulheres estarão livres do julgo da violência sofridas por infinitas gerações? A Agenda 30 cumprirá essa árdua tarefa? Muitas mulheres e meninas AINDA vivem uma tortura silenciosa e esse silêncio de terror se manifesta de várias formas através de diversos tipos de doenças físicas e psicológicas como depressão, síndrome do pânico, muitas sucumbem no suicídio sem saber o que fazer, com medo falar, de pedir ajuda”, afirma a Professora.
Em referência à violência doméstica, Dilce Pio diz que “muitas não conseguem VERBALIZAR porque o ‘Lobo Mau’ está dentro de casa. O objetivo dessas Rodas de Conversa é criar um espaço educativo entre homens e mulheres. Afinal, todo homem nasceu de uma mulher e quem educou esse menino? Infelizmente, muitas mulheres foram e são vítimas do Machismo estrutural histórico que pesa sobre elas. Quando uma menina ou mulher não aceita essa continuidade histórica é vista como a ‘ovelha negra’ da família”.
Lembra ainda que “hoje, há leis mais severas para os crimes contra a mulher, porém o medo ainda é assolador e muitas não pedem ajuda porque há uma dependência, financeira ou emocional com o seu algoz. Espaços educativos como escolas e igrejas deveriam ser as primeiras Instituições a levantarem essa bandeira humanitária, mas isto parece um sonho distante, raras exceções cumprem essa tarefa. A Lei Maria da Penha só age quando o fato é consumado. O livro ‘Algemas silenciadas’ nos estimula a gritar por socorro, nos amparando mutuamente porque ‘somos Nós de um mesmo novelo’ (p.169). MENINAS, VOCÊS NÃO ESTÃO SOZINHAS”.