Por Kedson Silva e Floriano Lins
Na tarde desta terça-feira, 1 de julho, os movimentos populares e de mulheres de Parintins se uniram em ato “Justiça por Auriene” em solidariedade à família da universitária Auriene da Silva Paiva, 19 anos, presa no dia 27 de junho, acusada pela morte do namorado, o policial militar Sílvio da Silva Cavalcante. O manifesto com faixas e cartazes aconteceu em frente ao Presídio Público de Parintins, localizado na avenida Nações Unidas, onde a jovem aguarda o desfecho das investigações. As manifestantes destacam que a sociedade parintinense não sabe o que realmente aconteceu. Desde quinta-feira, quando foi presa, a versão de Auriene está sendo ignorada.
Segundo a professora dra. Maria Eliane Vasconcelos “o que sabemos é que a Auriene é uma pessoa que sofreu muitas violências. Então, é preciso que antes de julgar e condenar, possamos ouvir e saber da história dessa jovem, dessa estudante. A sociedade parintinense ainda não sabe o que realmente aconteceu, o que sabe é que ela está sendo julgada sem atenção à sua versão. Não sabe que ela foi machucada, violentada, então, antes de tudo isso, é preciso que a justiça seja feita também em relação a Auriene”.
Vasconcelos enfatiza que até agora prevaleceram somente acusações, sem dar atenção à versão da acusada. “Vimos que desde quinta-feira, quando ocorreu esse processo, a Auriene ainda não foi ouvida e não pode ser dessa forma. Esse movimento hoje, é pra isso, para que estejamos atentas a nossa condição de mulher e de muitas mulheres que sofrem violências e que diante de uma arma ficam imobilizadas para denunciar as agressões, as violências que sofrem. Estamos aqui por Auriene, para que a justiça seja feita para que essa jovem possa responder em liberdade e ter o direito a sua voz sendo expressada”.
Presente no manifesto, a mãe da Auriene, Irani Paiva, pede justiça pela filha, acreditando na sua inocência. “Eu confio nas palavras da minha filha que ela é inocente, mas que continua presa. Estou junto há um grupo de mulheres dando força pra ela que ainda não foi ouvida, agradeço pelo apoio e precisamos de uma resposta e justiça para minha filha sair daí”.
Para a educadora popular e feminista, Fátima Guedes, a manifestação provoca o sistema de violência contra as mulheres e ressalta que o caso Auriene é apenas mais um a cobrar compromisso com a vida, em combate e prevenção à submissão de mulheres a cativeiros afetivos. “O nosso objetivo é sensibilizar o sistema judiciário, policial, mas também a comunidade, as mulheres para começar a repensar os seus relacionamentos. Que essas situações são resultados desse cativeiro afetivo que nós mulheres alimentamos entre nós”.
“Esse ato aqui tem esse propósito, de provocar a justiça para que faça justiça com a Auriene, porque ela vinha sendo torturada, violenta há muito tempo, mas a gente acredita na sua inocência, por isso, estamos atiçando a luta em defesa da Auriene”, conclui Fátima Guedes.