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AVC põe fim à Via Crúcis de Juarez Lima, ícone das artes plásticas da Terra do Boi Bumbá

Uma vida dedicada às artes plásticas e marcada por sacrifícios nos últimos quatro anos, período pós pandemia.

Redação
Por: Redação Fonte: Redação
22/11/2024 às 16h43
AVC põe fim à Via Crúcis de Juarez Lima, ícone das artes plásticas da Terra do Boi Bumbá
Uma vida dedicada às artes plásticas e marcada por sacrifícios nos últimos quatro anos, período pós pandemia, na qual perdeu a esposa, e o irmão mais velho. Foto: https://www.cna7.com.br/

Por Floriano Lins

Da Redação

 

O artista plástico parintinense Juarez Lima, 58 anos, veio a óbito no final da manhã desta sexta-feira, 22 de novembro, no University Hospital St. Pölten, na Áustria. Na terça-feira, 19, sofrera um fulminante Acidente Vascular Cerebral (AVC) quando se preparava para viajar de volta ao Amazonas. O estado grave apresentado o levou a uma cirurgia de emergência na quarta-feira, mas não resistiu à gravidade imposta pelo derrame.

Uma vida dedicada às artes plásticas e marcada por sacrifícios nos últimos quatro anos, período pós pandemia, na qual perdeu a esposa, e o irmão mais velho. Há pouco mais de um ano, perdeu também a mãe. Juarez sempre teve uma vida ligada à Igreja Católica, desde seu aprendizado junto ao religioso Irmão Miguel de Pascalle, Mestre de dezenas de artistas que se revelaram nas artes plásticas.

Nos últimos quatro anos, após a morte da esposa, vítima da Covid 19, Lima se manifestou muito mais devoto da padroeira de Parintins e dedicou-se à divulgação de princípios religiosos anunciados no evangelho de Jesus Cristo, em manifestações presenciais ou através das redes sociais. A Romaria das Águas, expressão católica dos festejos à padroeira Nossa Senhora do Carmo, tem em Juarez o seu grande idealizador e incentivador.  

Nas artes, Juarez marcou sua trajetória ao lado de outro mestre, Jair Mendes, e se consagrou como umas das maiores expressividades. “Da serigrafia à escultura, ele e Jair Mendes são as maiores expressividades das artes parintinenses”, dizem observadores.

 

Arte e fé

Em um resumo de sua história, o site Brasil Norte Comunicação (BNC)) cita que Juarez Lima teve sua trajetória marcada por suas criações artísticas para o festival folclórico de Parintins.

Aluno do italiano Miguel de Pascalle e do parintinense Jair Mendes, Juarez foi o primeiro grande artista de alegorias do boi Caprichoso. O gigantismo e os traços fortes de suas obras marcaram sua vida artística no bumbá.

Paralelamente mostrava forte relação de fé religiosa. Criou a romaria das águas, evento que conduzia, de barco, a imagem de Nossa Senhora do Carmo a Parintins, numa mistura de arte e fé.

Outro marco de sua fé, registrou-se em abril de 2020, quando carregou uma cruz pelas ruas de Manaus rogando pela saúde de sua esposa, seu irmão e de sua mãe, vítimas da covid-19.

Como aluno do irmão Miguel, o garoto, Juarez ajudou a pintar os afrescos da Catedral de Parintins.

São quadros e pinturas nas paredes que narram símbolos da igreja católica, sobretudo a via Crúcis de Jesus Cristo.

As pinturas reproduziam na multidão rostos de moradores da cidade.

 

Empreendedor

Fora do festival, diz o BNC, Juarez Lima tornou-se empreendedor no setor artístico.

Por muito tempo, ornamentara a cidade de Manaus para as festas de fim de ano. Uma de suas grandes obras na capital foi assinada por Juarez, ano passado, a produção visual do festival Sou Manaus.

 

Nota de Pesar

Em Nota de Pesar, a diretoria do Boi Bumbá Caprichoso anunciou o passamento de Juarez Lima.

O tambor da Marujada de Guerra, em tom fúnebre, toca para informar que Juarez Lima, artista do boi Caprichoso, do boi contrário, de Nossa Senhora do Carmo, da Romaria das Águas e criador de algumas das maiores alegorias do Festival de Parintins, deixou este plano para brilhar no firmamento, diz a nota azulada.

O boi Caprichoso lamenta profundamente a partida de Juarez Lima, um dos maiores nomes da arte parintinense. Juarez foi um mestre que produziu e formou gerações de artistas, entre eles Rossy Amoedo, atual presidente do boi negro de Parintins. Marcou momentos importantes com alegorias como a Mãe Natureza, Ayma Sunhé, Serpente Dinahí, a Lendária Boitátá entre tantas outras.

Sua genialidade ultrapassou fronteiras, levando o nome de Parintins aos carnavais de Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, onde teve como grande inspiração o eterno Joãozinho Trinta. Por ironia do destino os 58 anos ele nos deixa enquanto levava sua arte para além fronteiras do país.  Juarez Lima deixa um legado de beleza, devoção e orgulho.

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