Vergonha
O discurso do presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (21), durante a abertura da 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) foi motivo de vergonha e desprezo para a maioria dos brasileiros. Carregado de informações mentirosas, o discurso desagradou até seguidores de Jair. A repercussão mais vergonhosa ficou por conta da imprensa internacional, onde os maiores veículos de comunicação do planeta taxaram Bolsonaro de “Mentiroso”.
Vergonha 2
Bolsonaro falseou a realidade brasileira e subestimou a inteligência dos brasileiros e dos participantes da Assembleia da ONU. Para correspondentes internacionais a falsificação de fatos e a negação da realidade foram as marcas do discurso de Bolsonaro. Assim como no ano passado, em vez de falar para a comunidade internacional, preferiu se dirigir às suas próprias bases internas. Para a professora de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Elaini Silva, Bolsonaro subestima a capacidade dos demais países de averiguarem sobre o que realmente se passa no Brasil.
Mentiras e Falsificações
Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta quarta-feira (22), Elaini nota algumas mudanças em relação ao discurso proferido no ano passado. “Dessa vez, parece que são mentiras e falsificações mais próximas dos militares do que da base olavista”, pontua. Ao atribuir a “índios e caboclos” as responsabilidades pelas queimadas na Floresta Amazônica, por exemplo, Bolsonaro se aproxima da abordagem utilizada pelo vice-presidente. Hamilton Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia, também vem tentando minimizar os impactos dos incêndios florestais.
Conflitos e violências
Em nota publicada na manhã desta quarta-feira, o Conselho Indigenista Missionário CIMI, afirma que “ao contrário da versão apresentada no discurso do presidente, a realidade vivenciada pelos povos indígenas no Brasil, sob atual governo, é conflituosa e de violência”. A nota cita o discurso do presidente como uma série de políticas desenvolvidas pelo seu governo, a partir de um critério autoconcebido, baseado numa realidade paralela existente apenas na narrativa criada pelo presidente e por seu governo.
Inverdades
A nota relata o choque entre o pronunciamento fictício e a realidade vivenciada pela maioria dos brasileiros foi evidente. Quanto à temática indígena, o presidente cita que cerca de 600 mil indígenas estariam vivendo em plena liberdade em suas terras, que os índios almejariam viver a partir da “agricultura” e que 80% dos indígenas já estariam vacinados no Brasil, o que não é verdade. A realidade vivenciada pelos povos indígenas no Brasil, no atual governo, é conflituosa e de violência. O presidente Jair Bolsonaro já prometia em campanha que, se eleito, não demarcaria um centímetro de terra indígena; desde 2018, de fato, nenhuma terra indígena foi regularizada. Foi negado o diálogo com os povos e suas organizações a partir de uma visão integracionista e preconceituosa, que nega a identidade e a autonomia dos povos indígenas no Brasil.